Roger Monteiro nasceu em Porto Alegre no final dos anos 70. É graduado em Letras, e pós-graduado em Filosofia, Artes Visuais, e História da Arte e da Cultura Visual. Após uma bem-sucedida carreira como diretor de arte e designer gráfico, dedica-se às artes não comerciais desde 2013, explorando mídias digitais na criação artística. Seu trabalho aborda temas contemporâneos e urbanos, com influências da cultura pop, do rock'n'roll, da estética punk e dos processos industriais de produção de imagem. Suas obras já foram exibidas no Brasil e em países como Inglaterra, França, Itália e Portugal. Recentemente, passou a estudar a inteligência artificial generativa e sua interação com a arte, experimentando e escrevendo sobre o tema. Acredita na dúvida como motor criativo. Foi esgrimista por quase 25 anos, é casado com a bela Olívia e pilota uma moto velha chamada Lady Luck.
Roger Monteiro é graduado em Letras e pós-graduado em Filosofia, Artes Visuais e História da Arte. Sua obra trata de temas urbanos, da cultura pop, do rock'n'roll, da estética punk e dos processos industriais de produção de imagem. É um entusiasta da dúvida e se interessa por tudo que é inadequado, e que está à margem. É casado com a bela Olívia e pilota uma motocicleta velha chamada Lady Luck.
Obra de arte de Roger Monteiro - Il Pagliaccio (da série Commedia Dell'Arte ) 2024 - Impressão digital sobre papel Canson Photo Lustre

De que maneira começou sua jornada no mundo da arte?

Nasci em Porto Alegre, no final dos anos 70, e minha jornada nas artes começou de forma quase clandestina: rabiscos nos cadernos da escola e uma curiosidade desenfreada por tudo que era visual. Antes de assumir a arte como carreira, trilhei um caminho sólido como designer gráfico e diretor de arte. Foram 25 anos traduzindo ideias alheias em imagens – um belo exercício de criatividade com prazo de entrega. Em 2013, decidi virar a chave e me dedicar às artes não comerciais. Não foi um salto no escuro, mas parecia. Sair da zona de conforto do design para a liberdade (e as incertezas) da criação artística exigiu mais do que talento: exigiu coragem e, confesso, uma boa dose de improviso. Passei a explorar as mídias digitais, fascinado pela mistura do artesanal e do tecnológico, e encontrei na cultura pop, no rock’n’roll e na estética punk as referências que ressoam comigo até hoje. Meu trabalho orbita temas urbanos e contemporâneos, refletindo o caos organizado do mundo ao meu redor. Se antes eu desenhava certezas, agora prefiro as dúvidas: elas me movem, me desafiam e me lembram que, no momento em que estou 100% seguro de algo, provavelmente é hora de desconstruir e começar de novo.

Como descreveria seu estilo artístico?

Um punk jogando polo a cavalo.
Obra de arte de Roger Monteiro - La Colombina (da série Commedia Dell'Arte ) 2024 - Impressão digital sobre papel Canson Photo Lustre

Quais temas prefere explorar em suas obras?

Meu tema é o urbano. Minhas imagens estão sempre ancoradas no caos da vida moderna, na forma como a cidade nos molda, nos significa e nos revela. Não é uma crítica, mas sim um comentário gráfico sobre como o ambiente em que vivemos nos define como indivíduos e como grupos, e como, às vezes, esses dois aspectos podem ser completamente contraditórios. Gosto de pensar que a mensagem inerente do meu trabalho, se é que há uma, é sempre uma pergunta, a semente da dúvida que leva o observador a se contextualizar dentro dessa selva de concreto que, ao mesmo tempo que nos desumaniza, é também um ponto maravilhoso de convergência. Às vezes, tudo isso nos empurra ao limite, mas é nesse limite que o autoconhecimento se esconde. Toda arte é um espelho para quem a contempla. A minha não é diferente.

Como é o seu processo criativo?

Eu realmente não tenho um processo criativo. E me esforço para manter as coisas assim. No meu trabalho como designer gráfico, tenho um processo; como artista, não. Processos são coisas perigosas que rapidamente ensinam você a trapacear, a tomar atalhos, e é nesses atalhos que sua voz se perde, que as coisas gradualmente se tornam pasteurizadas pelo objetivo egoísta de agradar a todos, de conquistar mais um like, mais um compartilhamento, mais um tapinha nas costas. Gosto de me colocar em situações desconfortáveis como artista. Gosto das áreas cinzentas. Costumo dizer que, sempre que estou 100% certo de algo, não estou fazendo meu trabalho direito. E os processos acabam trazendo essas certezas. Eles levam você a um lugar seguro; são como o rastro de migalhas de Hansel e Gretel: quando você sabe para onde voltar, não há risco, apenas a ilusão de risco. E sem risco, a arte nasce morta.

Quais são suas fontes de inspiração?

Minha inspiração sempre vem de uma pergunta. E se? Essa forma de começar é provavelmente um reflexo do meu trabalho como designer gráfico. Designers respondem a uma pergunta, resolvem um problema e são motivados por uma provocação. Essa abordagem está muito presente quando concebo uma nova série. Minha arte é bastante autorreferencial; ela lida com temas conectados ao próprio universo da Arte, buscando preencher lacunas que percebo que outros antes de mim ignoraram ou simplesmente escolheram não abordar. Talvez possamos dizer que é uma meta-arte, Arte falando sobre si mesma, lidando com suas próprias questões de maneira quase narcisista. Meu trabalho não é transcendente; ele não serve a nada além de si mesmo. Nas raras ocasiões em que aborda um tema sensível, isso sempre acontece de forma estética. Esse exame da Arte é minha inspiração. E ela é inesgotável.
Obra de arte de Roger Monteiro

Quem são as influências artísticas que impactaram seu trabalho?

Embora as influências venham e vão, sendo uma parte viva de uma jornada artística e de nossas próprias vidas, minhas principais raízes artísticas estão, sobretudo, nos anos 1990, quando comecei a descobrir a computação gráfica e decidi usá-la para criar arte não aplicada. Designers gráficos proeminentes da época, como Neville Brody, Vaughan Oliver e, especialmente, David Carson, formaram a base da minha educação estética. Depois disso, o movimento De Stijl, de Mondrian, particularmente pelo uso da cor, e, indo mais longe na história da arte, as vanguardas europeias dos agitados anos 20. Gosto de me definir como um poeta do caos, e todos esses elementos se fundiram em um caldeirão para consolidar o que imagino ser a minha voz como artista.
Obra de arte de Roger Monteiro

Que conselhos você ofereceria para artistas que estão começando?

Parem. Agora.

Qual é o papel do artista na sociedade de hoje?

O papel do artista de hoje é o mesmo do nosso tataravô macaco que riscava as paredes da sua caverna com um pedaço de carvão: fazer arte. O que a sociedade faz com ela diz mais sobre a própria sociedade do que sobre a arte. E sempre vai ser assim.

Para saber mais sobre o artista ou entrar em contato

Instagram: @graphichaos

 

Obra de arte de Roger Monteiro

 

Obra de arte de Roger Monteiro

 

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