Andrea Portela é uma artista contemporânea. Nasceu em Minas Gerais, mas viveu em diferentes regiões do Brasil, conquistando uma sensibilidade única. Foi figurinista e atuou na carreira acadêmica, sempre conectada à arte publicando textos em revistas e livros. Falou do ato de vestir como ato criador de uma performance vestível. Foi a primeira pesquisadora a explorar a coleção de roupas do Museu Mariano Procópio, de Juiz de Fora – MG, onde vive. Até que a inquietude de criar se tornou inevitável, se dedicando exclusivamente à exploração artística. Hoje participa de coletivos e exposições de arte.
Andrea Portela é uma artista brasileira. Designer por formação, mestra em Estudos de Cultura Contemporânea e doutora em Ciências Sociais. Desde cedo esteve envolvida em atividades criativas. Hoje atua em diferentes coletivos de arte, na pintura, gravura ou processos híbridos. Se interessa pelo tempo presente e por micro acontecimentos que podem se dar tanto no imaginário quanto no cotidiano.
Obra de arte de Andrea Portela - Bolhas sociais, 2025 - Acrílica sobre tela

De que maneira começou sua jornada no mundo da arte?

Tive na infância um chão para pisar descalça na cidadezinha de Miraí, nas Minas Gerais, lá onde a simplicidade e a beleza fomentaram minha curiosidade, fonte inesgotável de inspirações que corriam soltas e até hoje me cutucam. Via desenhos nas nuvens e nas paredes, e recebia encomendas de desenhos que eu aceitava fazer sem compromisso com o saber. Vivi em diferentes lugares do Brasil e o traço selvagem sempre carreguei comigo, por mais que os livros e as técnicas tenham me atravessado.

Como descreveria seu estilo artístico?

Acho que possuo uma diversidade estilística, falo "acho" por não ser afeita a definições. E, apesar de sempre querer fazer algo novo, as pessoas sabem identificar o que faço. Creio que por ser espontâneo. Não forço a identidade nem o estilo, mas existe uma conversa com o Expressionismo abstrato. Talvez por deixar o corpo todo trabalhar, tornando o gesto carregado de emoção.
Obra de arte de Andrea Portela - Nós, 2024 - Acrílica sobre tela

Quais temas prefere explorar em suas obras?

Tudo o que meu olhar alcança pode ser tema, mas tenho preferido escutar o pensamento porque anda povoado de inquietações e preciso externá-las ou amenizá-las, depende do momento. Sou uma pessoa preocupada com as questões ambientais, sociais, políticas. Enfim, vivo o meu tempo, que é complexo, inquietante e desafiador. Visualmente, as questões andam se misturando, se embaçando, tomando o rumo das abstrações. Tudo é meio indefinido porque parte sou eu fazendo escolhas, outra parte é o trabalho que me pede.

Quais materiais e técnicas você usa com mais frequência?

Acrílica, carvão, pastel e aquarela são o que tenho usado mais ultimamente. Sou apaixonada pela xilogravura! De vez em quando, crio um ritual à parte para me aventurar na madeira. Também gosto de fazer experiências com materiais inusitados que encontro, colagem, bordado, e tenho realizado testes com pigmentos naturais que eu mesma preparo. Nos meus processos, a desconstrução e a intuição ditam os caminhos.

Quem são as influências artísticas que impactaram seu trabalho?

É sempre bom procurar referências, dialogar esteticamente com outros artistas e receber suas influências, como se dialogássemos com a própria História da Arte. Que é o que fazemos, de algum modo. Eu já falei do Expressionismo abstrato, mas não é só. Gosto de toda movimentação artística dos anos 1960 para cá. E me mantenho aberta a observar um pouco de tudo, afinal, a arte é universal e atemporal. Sempre faço uma lista para admirar e a troco eventualmente, pois se fosse fixar seria infinita. Segue uma lista atualizada: Willem de Kooning, Antonio Berni, Lygia Clark, Lasar Segal, Kathe Kollwitz, Gerhard Richter, Sigmar Polke... Gosto assim, tudo diverso. São as cores, as temáticas sociais, o modo de relatar o tempo em que viveram, tantas coisas. Os artistas podem e devem mudar nessa lista, o que fica são suas contribuições que vamos incorporando intuitivamente.

Qual é o significado da arte em sua vida?

Eu tenho a arte como registro do viver, como uma forma de contar a minha história e, ao mesmo tempo, me esconder. É meu pensamento experimentando um pouco de liberdade. Onde posso transformar o banal em algo digno de contemplação. Meu laboratório de explorar sentidos, denunciar o presente, projetar os sonhos e, quem sabe, um futuro possível.
Obra de arte de Andrea Portela

Como você se mantém atualizado sobre as tendências do setor?

Acredito na força dos coletivos e participo de várias comunidades de artistas. Apesar da atividade nas redes sociais ser necessária para informações circulantes, eu invisto no estudo constante, na leitura de revistas especializadas e nas trocas presenciais com um bom mestre e outros artistas. O que, para mim, são práticas indispensáveis e devem ser constantes.

Qual é o papel do artista na sociedade de hoje?

Eu tenho a arte como ato de coragem e liberdade numa sociedade desigual que, cada vez mais, cerceia o livre pensar. Os meios digitais agravam a situação por serem uma ferramenta poderosa de persuasão, muito além de te mandarem comprar, andam ditando o que dizer, fazer, sentir, achar, acreditar. Espaço farto de mentiras e alienação. Sou a favor da tecnologia, a minha questão é sobre a violência do convencimento e da escravidão do pensamento. Como romper com tudo isso, pensar por si mesmo e enxergar mais o real? A arte não fala alto, não discute. Ela te sensibiliza, desperta e, sutilmente, te faz ver. É da ordem das micropolíticas. Diante de um momento tão perigoso, com a humanidade sofrendo os efeitos das mudanças climáticas e da ascensão do neofascismo, a arte é um instrumento poderosíssimo de informação e luta, desde que seja a luta pelo mais fraco ou se torna mais um mecanismo de opressão. Então, o papel do artista é se posicionar por uma sociedade mais justa e igualitária.

Para saber mais sobre o artista ou entrar em contato

Instagram: @andreaportela.art

 

Obra de arte de Andrea Portela

 

Obra de arte de Andrea Portela

 


Para compartilhar com seus amigos