Marcela Gontijo investiga a presença humana diante dos acontecimentos da vida, explorando, por meio do desenho e da pintura, o essencial em uma perspectiva sensível sobre o mundo. Suas composições nascem da combinação entre registros fotográficos e observações diretas, criando uma experiência imersiva em primeira pessoa, que convida o espectador a enxergar através de seus olhos. Ao longo de sua trajetória, explorou temas como o registro do cotidiano, da memória e, mais recentemente, da grandiosidade da natureza. Essa última investigação se materializa na série Nós testemunhamos toda essa grandeza, onde a figura humana contrasta com paisagens naturais imponentes. Duas obras dessa série integram a nova edição da revista ArtBluum.

Marcela S Gontijo (São Paulo, SP, 2001) é artista visual e busca em sua pesquisa, por meio da técnica do desenho e da pintura, investigar o essencial na vida a partir do olhar sensível sobre o mundo que a cerca. A partir da perspectiva de "primeira pessoa", tenta replicar a experiência individual de estar diante de algo, convidando assim o espectador a olhar através de seus olhos.

De que maneira começou sua jornada no mundo da arte?
Minha sensibilidade artística começou a se desenvolver na adolescência, quando ganhei uma câmera fotográfica e passei a enxergar o mundo com mais atenção. Desde a infância, o desenho e a pintura já faziam parte de mim, e, ao longo dos anos, meu interesse se expandiu para diferentes áreas da arte, como cinema, música e poesia. A combinação dessas influências despertou em mim o desejo de criar. No entanto, minha trajetória como artista se consolidou durante a graduação em Artes Visuais, quando, por meio dos estudos, compreendi o que me instiga a produzir. Nesse processo, aprendi a olhar para dentro, resgatar o que já existia em mim e transformar isso em combustível criativo. Durante a faculdade, escolhi aprofundar minha pesquisa no desenho e na pintura, que se tornaram minhas principais técnicas. Hoje, a fotografia segue presente no meu processo, funcionando como uma ferramenta essencial de registro e inspiração para minhas criações.

Quais temas prefere explorar em suas obras?
Minha pesquisa artística se desenvolve em três principais investigações. A primeira surgiu na faculdade, explorando o desenho como registro do cotidiano. Inspirada pela perspectiva de uma flâneuse no pós pandemia, observei a cidade e seus encontros, um tema que sigo revisitando.
A segunda investigação nasceu da necessidade de "guardar" essas memórias. Assim, explorei armários e oratórios como espaços de eternização, criando pinturas expandidas que misturam registros de momentos, fotos antigas e elementos lúdicos. Compreendo esse trabalho como uma forma de transformar lembranças em algo sagrado — um espaço para celebrar a vida.
Minha investigação mais recente parte dessa mesma lógica. Buscando expressar a grandiosidade da natureza e sua divindade, desenvolvi a série Nós testemunhamos toda essa grandeza, na qual a figura humana contrasta com paisagens imponentes, como o mar e a floresta.
A segunda investigação nasceu da necessidade de "guardar" essas memórias. Assim, explorei armários e oratórios como espaços de eternização, criando pinturas expandidas que misturam registros de momentos, fotos antigas e elementos lúdicos. Compreendo esse trabalho como uma forma de transformar lembranças em algo sagrado — um espaço para celebrar a vida.
Minha investigação mais recente parte dessa mesma lógica. Buscando expressar a grandiosidade da natureza e sua divindade, desenvolvi a série Nós testemunhamos toda essa grandeza, na qual a figura humana contrasta com paisagens imponentes, como o mar e a floresta.
Como é o seu processo criativo?
Meu processo criativo começa com a ideia, que muitas vezes surge pronta na minha mente. O próximo passo é registrar referências para transformar essa visão em pintura. Com esses registros em mãos, passo para a etapa mais desafiadora: esboçar a composição. Esse momento exige grande esforço mental, pois costumo misturar diferentes fotos de referência e adicionar elementos que não estavam nas imagens originais.
Após definir a composição, vem a parte mais prazerosa: pintar. Seja com giz ou tinta a óleo, essa etapa exige concentração e repetição, tornando-se quase meditativa. Sou detalhista e não me importo em seguir caminhos mais longos para alcançar o resultado desejado. Muitas vezes, isso significa preencher uma tela enorme com incontáveis "risquinhos" de giz.
Durante o processo, a ideia inicial se transforma constantemente. A materialização da obra nunca é linear, e é justamente essa imprevisibilidade que torna tudo tão fascinante.
Após definir a composição, vem a parte mais prazerosa: pintar. Seja com giz ou tinta a óleo, essa etapa exige concentração e repetição, tornando-se quase meditativa. Sou detalhista e não me importo em seguir caminhos mais longos para alcançar o resultado desejado. Muitas vezes, isso significa preencher uma tela enorme com incontáveis "risquinhos" de giz.
Durante o processo, a ideia inicial se transforma constantemente. A materialização da obra nunca é linear, e é justamente essa imprevisibilidade que torna tudo tão fascinante.
Quais são suas fontes de inspiração?
Minhas principais fontes de inspiração vêm do mundo ao meu redor: das relações cotidianas, da natureza, da rotina, das fotografias antigas e recentes, dos ambientes e dos diversos elementos que compõem a vida. Muitas vezes, utilizo fotografias tiradas com o celular para compor minhas pinturas, o que faz com que esses elementos, na maioria das vezes, sejam registrados dessa forma. Isso também se torna uma fonte de inspiração, pois busco incorporar esse ponto de vista contemporâneo ao meu trabalho.

Quais materiais e técnicas você usa com mais frequência?
Os materiais que mais gosto de usar são a tinta à óleo e o giz pastel oleoso. Ultimamente, tenho trabalhado principalmente sobre tela, mas minhas primeiras experimentações com o giz pastel oleoso forma sobre papel.
Quem são as influências artísticas que impactaram seu trabalho?
Atualmente, minhas maiores influências artísticas são Nina Horikawa, Maya Weishof, Marcela Cantuária, Regina Parra, Heloísa Hariadne e Hilma af Klint. Embora minha arte seja diferente da de todas elas, cada uma me inspira de alguma forma. Minha influência mais direta vem de Nina Horikawa, devido à temática e à pintura figurativa.
As obras de Heloísa Hariadne, Hilma af Klint e Regina Parra me inspiram na busca por representar questões espirituais e o essencial, além de me atraírem tecnicamente. Já Marcela Cantuária me influencia pelo uso vibrante da cor e a intensidade de suas pinturas. O trabalho de Maya Weishof tem sido o que mais me instiga no momento, abrindo caminhos para projetos futuros e novas formas de pensar minha arte.
As obras de Heloísa Hariadne, Hilma af Klint e Regina Parra me inspiram na busca por representar questões espirituais e o essencial, além de me atraírem tecnicamente. Já Marcela Cantuária me influencia pelo uso vibrante da cor e a intensidade de suas pinturas. O trabalho de Maya Weishof tem sido o que mais me instiga no momento, abrindo caminhos para projetos futuros e novas formas de pensar minha arte.
Qual é o significado da arte em sua vida?
Eu costumava pensar que não era uma artista de verdade porque não desenhava todos os dias ou não seguia um estereótipo. Achava que não poderia me considerar como aqueles artistas que dizem não conseguir viver sem arte. Porém, no último semestre da faculdade, consegui um emprego formal e, enquanto produzia meu TCC, tudo parecia equilibrado. Mas, após me formar, passei meses sem criar, focada apenas no trabalho, e isso me adoeceu. Foi nesse período que percebi o quanto a arte é essencial para mim. O processo criativo, desde o esboço inicial até os últimos retoques de uma obra, é necessário para que eu me sinta viva. Quando fico muito tempo sem criar, tudo ao meu redor começa a perder o sentido. Hoje, posso afirmar com certeza: sou, sim, uma daquelas artistas que não podem viver sem arte.

Como você se mantém atualizado sobre as tendências do setor?
Me mantenho atualizada principalmente pelas redes sociais, seguindo muitos artistas no Instagram. Nos últimos anos, é lá que tenho encontrado artistas contemporâneos muito interessantes, de diferentes idades e relevâncias na cena artística. Além disso, também gosto de acompanhar exposições de arte em museus, galerias e espaços alternativos de São Paulo.
Para saber mais sobre o artista ou entrar em contato
Website: www.marcelasgontijo.carrd.co
Instagram: @marcelasgontijo



