Bruna Granucci é cineasta de formação pela Universidade do Sul de Santa Catarina e artista visual por predileção, oficio que experimentou através da prática da construção de cenários, figurinos e objetos de cena em projetos cinematográficos. Trabalha na ilha de Florianópolis em SC. Múltipla, a sua produção abrange colagens analógicas, bordados passando pelo desenvolvimento de vídeos experimentais e projetos de instalação. Nesses diversos meios e experimentações procura estabelecer um diálogo com o seu entorno social e político e suas experiências pessoais, materializando a subjetividade de seu pensamento através da investigação de materiais e objetos do cotidiano. Integrou exposições coletivas em Santa Catarina e São Paulo e teve sua primeira exposição individual contemplada pela Fundação Cultural BADESC em 2019. Em 2023 fundou um espaço de arte independente chamado Galeria Mínima.
Bruna Granucci é cineasta de formação e artista visual por predileção. Trabalha na ilha de Florianópolis em SC. Múltipla, a sua produção abrange desde colagens analógicas, bordados livres passando pelo desenvolvimento de vídeos experimentais e projetos de instalação. Nesses diferentes meios e experimentações procura estabelecer um diálogo com o seu entorno social e político e suas experiências pes
De que maneira começou sua jornada no mundo da arte?
Me descobri artista visual independente de tanto fazer e inventar cenários, figurinos e objetos de cena pros projetos de cinema, acabei me tornando diretora de arte. Mas o cinema, de certa maneira, não dava conta da minha necessidade de elaborar alguns conceitos e experiências, nesse sentido as artes visuais abarcaram a minha vontade de investigar materiais e conceitos que me despertavam interesse e que não necessariamente eram úteis pra um fim determinado como um projeto cinematográfico. Nessa jornada como artista visual meu mergulho é profundo e altamente inebriante, sigo pelo desejo de esfarafunchar o que tenho dentro e fazer esse "bicho" se levantar na materialidade.
Quais temas prefere explorar em suas obras?
Em minha pesquisa busco embaralhar a fronteira entre a vida doméstica e minha prática artística. O caos cotidiano de maternar, cuidar da casa e produzir é a condição para o meu exercício como artista. Meu trabalho é atravessado pelas tarefas diárias da casa. Durante o trajeto repetido de levar minhas filhas à escola, passava sempre pelos mesmos terrenos abandonados tomados pelo mato, a partir da observação e coleta destas plantas, a sua forma de ocupação, desenvolvi um conceito a que chamei de corpo-mato, juntei-me a outra artista também mãe. Nele, relacionamos esta planta marginal ao corpo feminino, num movimento incansável de resistência e força. A palavra marginal, o que está à margem, reflete sobre as não normatizações, ou aquilo que não se encaixa dentro dos padrões impostos. Eu como mulher-mãe-artista sinto-me à margem, e dentro de minha pesquisa busco extrapolar esta linha que separa o fazer artístico do fazer doméstico.
Que conselhos você ofereceria para artistas que estão começando?
O artista é um trabalhador como qualquer outro, não somos feitos de outro material, melhor ou mais sublime, uma parcela do que a gente faz tá sim ligada à uma subjetividade, mas o outro passo que é o fazer artístico, esse de gastar o tempo de vida no ateliê trabalhando é tão importante quanto. O artista me parece essa figura corajosa, que abre uma gaveta que está cheia de ideias e esboços, e vai dando forma pra ela, mesmo que não dê em nada, esse nada, na verdade é o tudo pro artista. Se a gente nunca for reconhecido, ao menos a gente teve o prazer do processo, da caminhada, do fazer artístico no ateliê, e aí já vencemos!