Paulo Ciochetti é artista plástico, residente em São Paulo. Aluno do curso de artes visuais do Centro Universitário Belas Artes (2024), tem trabalhos em diversas
linguagens, especialmente pintura e gravura. Aborda temas como a memória, as lembranças mediadas e a ligação do individuo com o passado. Residiu no Canteiro -
espaço de produção em arte contemporânea, entre janeiro e março de 2024. Também participou da exposição "Constelações Tangíveis" da Galeria 13 (2024).
linguagens, especialmente pintura e gravura. Aborda temas como a memória, as lembranças mediadas e a ligação do individuo com o passado. Residiu no Canteiro -
espaço de produção em arte contemporânea, entre janeiro e março de 2024. Também participou da exposição "Constelações Tangíveis" da Galeria 13 (2024).
Paulo Ciochetti é artista plástico, residente em São Paulo. Formado em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes (2024), tem trabalhos em diversas linguagens, especialmente pintura e gravura. Aborda temas como a memória, as lembranças mediadas e a ligação do individuo com o passado,
De que maneira começou sua jornada no mundo da arte?
Sempre gostei de trabalhar criativamente e de ver os trabalhos que as outras pessoas desenvolvem com finalidades de expressão. Penso a arte como qualquer forma de comunicação sensível entre seres humanos, onde os mais diversos conteúdos podem ser expressos.
Assim, iniciei meu processo artístico na música, chegando a tocar em diversas bandas. Passei também pelo cinema e pelo teatro e, mesmo gostando muito das duas linguagens, sentia falta de ter autonomia para iniciar e acabar um projeto artístico sozinho e de forma autônoma.
Em 2020, já certo de que iria trabalhar com criatividade, iniciei o curso de Artes Visuais, que foi uma introdução formal essencial para o mercado da arte mais especificamente, onde atuo hoje em dia.
Assim, iniciei meu processo artístico na música, chegando a tocar em diversas bandas. Passei também pelo cinema e pelo teatro e, mesmo gostando muito das duas linguagens, sentia falta de ter autonomia para iniciar e acabar um projeto artístico sozinho e de forma autônoma.
Em 2020, já certo de que iria trabalhar com criatividade, iniciei o curso de Artes Visuais, que foi uma introdução formal essencial para o mercado da arte mais especificamente, onde atuo hoje em dia.
Como descreveria seu estilo artístico?
Penso no meu estilo como gestual, expressivo e intuitivo. Em minha prática artística, busco a representação de figuras da natureza (e do cotidiano) sem esconder as marcas da linguagem usada nessa representação. Em outras palavras, é um estilo que toma em consideração a fotografia não apenas como uma referência para uma cena, mas como um objeto que tem características visuais próprias que também devem aparecer nas telas pintadas. Assim, ao pintar, não busco retratar um momento, mas a sensação de se olhar a fotografia daquele momento anos mais tarde.
Nessa investigação, sempre olho para as marcas que o suporte fotográfico deixa na imagem. Regiões saturadas, manchas de cor que planificam a imagem, e todos aqueles “filtros” ou “peneiras” que distanciam aquela fotografia da imagem "como percebida pelo olho humano" são considerados, destacados, e criam uma pintura autônoma.
Nessa investigação, sempre olho para as marcas que o suporte fotográfico deixa na imagem. Regiões saturadas, manchas de cor que planificam a imagem, e todos aqueles “filtros” ou “peneiras” que distanciam aquela fotografia da imagem "como percebida pelo olho humano" são considerados, destacados, e criam uma pintura autônoma.
Quais temas prefere explorar em suas obras?
Minha pesquisa em tinta a óleo busca construir, a partir de imagens pré-existentes, um espaço ambíguo e amorfo análogo às paisagens da memória. Penso em cada tela como uma imagem que fica presa na retina após fecharmos os olhos; uma lembrança que tentamos recuperar sem a referência visual, e que vai se tornando mais distorcida conforme nos esforçamos para capturá-la.
Com essa visualidade, pretendo atingir diversas sensações trazidas pela percepção da passagem do tempo, como a nostalgia e a saudade - ainda que de um momento que não se viveu. Penso ainda no contraste entre o conforto das imagens retratadas e a tensão proporcionada pela pincelada carregada de tinta.
Obtenho, assim, telas que remetem à sensação de olhar um álbum da família de outras pessoas, onde reconhecemos as cenas mas com os rostos alterados. Crio um ambiente que transita entre o confortável e o claustrofóbico; o familiar e o estranho
Com essa visualidade, pretendo atingir diversas sensações trazidas pela percepção da passagem do tempo, como a nostalgia e a saudade - ainda que de um momento que não se viveu. Penso ainda no contraste entre o conforto das imagens retratadas e a tensão proporcionada pela pincelada carregada de tinta.
Obtenho, assim, telas que remetem à sensação de olhar um álbum da família de outras pessoas, onde reconhecemos as cenas mas com os rostos alterados. Crio um ambiente que transita entre o confortável e o claustrofóbico; o familiar e o estranho
Como é o seu processo criativo?
Meu processo tende a ser bem caótico, uma luta para ir aos poucos moldando aquela imagem que eu vejo. Começo com a tinta bem diluída e vou deixando ela mais oleosa nas camadas seguintes. No final, tenho uma obra com muita textura, pinceladas muito marcadas e níveis variados de abstração.
O embate entre aquilo que eu quero evidenciar e aquilo que eu quero suprimir fica marcado na tela. No final, obtenho uma imagem que parece que está se esvaindo e tornando-se cada vez mais fugidia e embaçada. Quanto mais olho para as figuras que pintei, mais a pincelada e a textura da tinta se tornam evidentes, mais as manchas de cor distorcem a profundidade da imagem e a reduzem a borrões bidimensionais e planificados.
O embate entre aquilo que eu quero evidenciar e aquilo que eu quero suprimir fica marcado na tela. No final, obtenho uma imagem que parece que está se esvaindo e tornando-se cada vez mais fugidia e embaçada. Quanto mais olho para as figuras que pintei, mais a pincelada e a textura da tinta se tornam evidentes, mais as manchas de cor distorcem a profundidade da imagem e a reduzem a borrões bidimensionais e planificados.
Quais são suas fontes de inspiração?
Existem vários motivos que me levam a escolher determinada referência para um trabalho. Podem ser pelas narrativas que trazem em suas cenas, pelas formas interessantes, contrastes de luz e sombra, pela forma como os elementos se distribuem no espaço, etc. Às vezes, quando estou olhando para as fotografias de um álbum de família, apenas penso que determinada imagem se resolveria bem em pintura.
Em geral, porém, busco por imagens que, ao serem distorcidas pela expressividade da técnica, causem algum tipo de estranhamento. busco ainda esse estranhamento através de novos recortes e novos enquadramentos que modificam visualmente a narrativa da cena.
Em termos gerais, sempre busco pensar em como a imagem me afeta no instante em que a vejo. Para onde vai meu olho quando eu vejo uma foto? O que me atrai? Como minhas experiências anteriores modificam a forma como a imagem chega até mim?
Em geral, porém, busco por imagens que, ao serem distorcidas pela expressividade da técnica, causem algum tipo de estranhamento. busco ainda esse estranhamento através de novos recortes e novos enquadramentos que modificam visualmente a narrativa da cena.
Em termos gerais, sempre busco pensar em como a imagem me afeta no instante em que a vejo. Para onde vai meu olho quando eu vejo uma foto? O que me atrai? Como minhas experiências anteriores modificam a forma como a imagem chega até mim?
Quais materiais e técnicas você usa com mais frequência?
Para realizar uma pintura que tenha características da fotografia de referência mas que também tenha um alto grau de gestualidade, exploro a materialidade da tinta a óleo em diferentes graus de diluição. Para a base e as camadas mais internas da pintura, utilizo a tinta bastante diluída em terebintina. Conforme eu avanço na pintura, vou usando menos diluente e a tinta vai ficando mais espessa.
Na camada mais externa, em muitos casos, recorro à encáustica fria. Nessa técnica, adiciona-se o médium formado por cera de abelha e terebentina à tinta, que adquire uma consistência bem mais densa e que pode ser moldada com o pincel ou a espátula. Assim, pode-se criar manchas de tinta muito carregadas que saltam da tela.
Na camada mais externa, em muitos casos, recorro à encáustica fria. Nessa técnica, adiciona-se o médium formado por cera de abelha e terebentina à tinta, que adquire uma consistência bem mais densa e que pode ser moldada com o pincel ou a espátula. Assim, pode-se criar manchas de tinta muito carregadas que saltam da tela.
Quem são as influências artísticas que impactaram seu trabalho?
Na questão de uma poética focada na materialidade e que busca abrir diálogo com a memória, há vários artistas cuja produção me inspira, como Anna Maria Maiolino e Rosana Paulino. Nesses casos, temos duas artistas que buscam formas de ligar objetos artísticos com questões de memória pessoal e social de forma poética. Esse tipo de pesquisa sempre me interessou e é um campo bastante relevante da produção contemporânea.
Falando propriamente das possibilidades da pintura a óleo para se representar e se distorcer cenas cotidianas, tenho grande influência de artistas como Noah Saterstrom e Mark Tennant. Eles são criadores de estilos bastante únicos para transpor fotografias para a linguagem pictórica adicionando uma camada poética à imagem através de sua expressividade. Sua produção encontra paralelos com artistas da nova figuração europeia como Luc Tuymans, que repensa imagens históricas através do trabalho com a cor.
Já no caso da arte brasileira contemporânea, eu citaria Fátima Junqueira, Eduardo Berliner e Marina Quintanilha como artistas que, através da expressividade, conferem novas camadas de significados a imagens que vão desde a memória histórica até lembranças mais íntimas.
Na minha concepção, todos os pintores citados veem o desenho e a delimitação de formas bem definidas como um “mapa” para se guiar o gesto, possibilitando que a expressividade tenha um caminho para conseguir se manifestar sem dúvidas ou relutâncias.
Falando propriamente das possibilidades da pintura a óleo para se representar e se distorcer cenas cotidianas, tenho grande influência de artistas como Noah Saterstrom e Mark Tennant. Eles são criadores de estilos bastante únicos para transpor fotografias para a linguagem pictórica adicionando uma camada poética à imagem através de sua expressividade. Sua produção encontra paralelos com artistas da nova figuração europeia como Luc Tuymans, que repensa imagens históricas através do trabalho com a cor.
Já no caso da arte brasileira contemporânea, eu citaria Fátima Junqueira, Eduardo Berliner e Marina Quintanilha como artistas que, através da expressividade, conferem novas camadas de significados a imagens que vão desde a memória histórica até lembranças mais íntimas.
Na minha concepção, todos os pintores citados veem o desenho e a delimitação de formas bem definidas como um “mapa” para se guiar o gesto, possibilitando que a expressividade tenha um caminho para conseguir se manifestar sem dúvidas ou relutâncias.
Como você se mantém atualizado sobre as tendências do setor?
Creio que a principal forma de se manter atualizado no mercado da arte é frequentando os espaços de arte contemporânea como mostras, galerias e espaços de exposições independentes. Além de se conhecer novos espaços culturais, é importante ir a exposições das mais variadas linguagens para se perceber temas relevantes e as formas como diferentes materiais são abordados pelos artistas no cenário atual.
Além das exposições em si, esses espaços em geral fornecem várias atividades para se aproximar o público da produção artística, seja através de workshops, palestras ou conversas com artistas e curadores.
Além das exposições em si, esses espaços em geral fornecem várias atividades para se aproximar o público da produção artística, seja através de workshops, palestras ou conversas com artistas e curadores.